E a liberdade jaz a beira da morte em
pleno começo de 2015, um duro golpe foi dada na mesma quando dos irmãos Kouachi
armados assassinaram a sangue frio desenhistas do jornal humorístico Charlie
Hebdo e policiais na França.
A liberdade de expressão –
frequentemente mal usada – foi posta abaixo de forma desumana. Alguns se sentem
tentados em dizer que há uma parcela de culpa dos chargistas no fato, pois os
mesmos – contra os postulados do islã – publicaram imagens de Alá. Porém um
breve exercício de reflexão permiti perceber que caso os chargistas,
jornalistas, etc. passem a encontrar “tabus” para suas abordagens, logo só poderemos
falar do que não for incômodo para o Estado e para as Religiões, triste fim
esse.
Logicamente há quem faça mal uso da liberdade de expressão, muitas comediantes brasileiros por exemplo, mas esses usam a liberdade de expressão para atacarem minorias – negros, homossexuais, etc. – não para criticarem características coletivas retrógradas.
Logicamente há quem faça mal uso da liberdade de expressão, muitas comediantes brasileiros por exemplo, mas esses usam a liberdade de expressão para atacarem minorias – negros, homossexuais, etc. – não para criticarem características coletivas retrógradas.
Um outro aspecto a ser pensando, reside
nas consequências desse fato para o mundo não europeu. Ao ver o ex-presidente
francês Nicolas Sarkozy afirmando que o ataque contra o jornal foi uma ataque
contra a “civilização” fico pensando a qual civilização ele se refere. Logicamente
ele se refere ao civilização branca, ocidental e cristã, em momento algum
Sarkozy e seus aliados pensam que o “outro” faça parte dessa dita civilização.
Podemos até explanar que as raízes dessa dicotomia inconciliável – até agora –
entre ocidente e oriente se baseia na imagem pintada pelo ocidente do que é o
oriente no século XIX principalmente, objetivando a dominação geográfica e
demográfica, ou seja, a imagem do "outro" foi criado por "nós" mesmos com o objetivo de distinguir culturalmente diferentes povos caracterizando através de elementos subjetivos avanço e atraso.
Se a liberdade se encontra tragicamente
ferida, as consequências desse ataque a serem tomadas pelos governos podem
resultar em seu coma ou quiçá sua morte. A instrumentalização desse ataque para
endurecer as políticas de emigração ou para fortalecer o ainda presente ideário
da “guerra ao terror” pode transformar a Europa em uma região altamente
xenófoba. Politicamente o fato pode resultar numa alavanca para os partidos de
direita chegarem ao poder e com isso implementarem políticas sociais
excludentes.
O “terror” tem como características a
possibilidade de aumento do controle do Estado sobre as sociedades, pela lógica
do medo o Estado pode cercear as liberdades individuais – inclusive a liberdade
de religião, lembre-se que a França já chegou a proibir o uso de burca em
escolas em 2010 – transformando a sociedade em apenas uma engrenagem desprovida
de autonomia. Por outro lado o terror oriundo de grupos autônomos de minorias
somente faz com que a imagem distorcida que compõe o imaginário coletivo das
culturas dominantes se efetive num falso exemplo do que é “ser” o outro.
De certo temos apenas a impressão de que quanto mais “avançamos” mais sacrificamos a liberdade.
De certo temos apenas a impressão de que quanto mais “avançamos” mais sacrificamos a liberdade.