Existem violências no mundo que passam
despercebidas pelos olhares mais sensíveis, violências essas que ocorrem como
decorrência de uma estrutura econômica/política/social baseada em relações de
mercado. Estamos todos inseridos numa lógica onde o “ser” tem menos valor do que a “coisa”, a não
ser que seu corpo – ou mente – possa ser de alguma forma valorizados (seja na prostituição,
no esporte ou no campo científico gerando patentes). Logo a “coisa’ – que é uma
propriedade privada – ganha relevância frente ao "ser", para além disso, a mesma ganha
importância política e social – além da importância econômica inerente a ela.
Vivemos num mundo mediado pelas
“coisas”, onde a posse e a manutenção dessa posse tornam-se fatores importantes da vida.
Politicamente as “coisas” ou melhor a distribuição de capital e das “coisas” são
elementos importantes na “Real Politik”. Uma vez que o ter é mediado pelo
acesso ao capital e tal fato se insere dentro de um contexto de desigualdade,
onde o cenário político está sob controle de forças conectadas as elites
dominantes, que por extensão de seu poder econômico controlam também o cenário
político. Portanto a política é também uma forma de se manter – conservadorismo – a distribuição
de capital e “coisas”fluindo na mesma direção.
Socialmente, as “coisas” ganham
importância na medida em que demonstram “quem nós somos”, o “ter” um celular
não se relaciona apenas a possibilidade de se falar com alguém, mas sim ao
“status” inerente ao ter um celular de última geração. Como essa lógica está
presente em todos os ramos do processo de circulação de mercadorias,
encontramos uma sociedade onde a noção de cidadania perde seu valor frente a
noção de “ser” consumidor.
Percebemos que este dois aspectos servem
para manter as engrenagens da economia em funcionamento, tanto no processo de
conservação das engrenagens (aspecto político) quanto no processo de renovação
e circulação das “coisas” através da relevância social imbuída ao “ter” – aqui
vale lembrar que as “coisas” mantêm uma característica de serem temporalmente
validadas, o que gera uma corrida constante pela substituição da “coisa” velha
pela “coisa” atualizada.
E para que tudo isso funcione como um
relógio, o Estado deve garantir através da violência – não somente física – a
continuidade da lógica que rege a sociedade.
Se como violência concebermos as ações que ferem o “ser”, automaticamente teremos uma expansão dentro do horizonte do que compreendemos por violência. Dessa forma a violência se tornaria também a falta de acesso à educação, saúde, saneamento básico, etc. Vale lembrar que em última instância a falta desses e de outros serviços ocasionam inclusive na morte biológica. Seja pela doença ou pela criminalidade na qual muitos excluídos são “levados” a adotarem como estratégia de sobrevivência.
Enfim, podemos dizer que há uma violência direta visível que é tanto aplicada pelo Estado como também imposto aos cidadãos através da criminalidade, como também uma violência indireta – subjetiva – usada como forma de se manter o “status quo”. A diferença entre as duas pode ser percebida pelo fragmento abaixo extraído da obra de Mark Twain intitulada de “Um ianque na corte do Rei Artur”.
Se como violência concebermos as ações que ferem o “ser”, automaticamente teremos uma expansão dentro do horizonte do que compreendemos por violência. Dessa forma a violência se tornaria também a falta de acesso à educação, saúde, saneamento básico, etc. Vale lembrar que em última instância a falta desses e de outros serviços ocasionam inclusive na morte biológica. Seja pela doença ou pela criminalidade na qual muitos excluídos são “levados” a adotarem como estratégia de sobrevivência.
Enfim, podemos dizer que há uma violência direta visível que é tanto aplicada pelo Estado como também imposto aos cidadãos através da criminalidade, como também uma violência indireta – subjetiva – usada como forma de se manter o “status quo”. A diferença entre as duas pode ser percebida pelo fragmento abaixo extraído da obra de Mark Twain intitulada de “Um ianque na corte do Rei Artur”.
“Um cemitério poderia conter os
caixões preenchidos pelo breve Terror diante do qual todos fomos tão
diligentemente ensinados a tremer e lamentar, mas a França inteira dificilmente
poderia conter os caixões preenchidos pelo Terror real e mais antigo, aquele
indizivelmente terrível e amargo, que nenhum de nós foi ensinado a reconhecer
em sua vastidão e lamentar da forma que merece.”
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